Durante algumas semanas discorremos a respeito da viabilidade das rotas térmicas no tratamento de resíduos sólidos, neste texto o foco é a possibilidade de reciclagem do Poli tereftalato de Etileno (PET), via Hidrólise ácida que é uma Rota Química para o tratamento de resíduos.
Primeiro, é necessário compreender que o PET é um dos termoplásticos mais manufaturados no mundo, e isto só possível em função das suas características físico-químicas (excelente tração e resistência ao impacto, resistência química, propriedades de barreira à gases, capacidade de processamento, brilho e estabilidade térmica). Sua formação provem do ácido tereftalato (AT) e do etileno glicol (EG), o que permite a possibilidade de diversos reprocessamentos, uma vez que, quando esse material é submetido ao calor, possui tendência a deformação, podendo ser novamente moldado sem perder suas propriedades. Então, estamos abordando uma material com ótimas possibilidades de reciclagem, mas de que forma e por que a hidrólise acida é uma opção e pode ser utilizada na reciclagem do PET?
A princípio é necessário saber que o tratamento via hidrólise tem como base a degradação das cadeias poliméricas da celulose em monômeros de glicose. Existem dois tipos de hidrolise, a ácida e a enzimática. A ácida envolve um catalisador ácido e uma de suas características é a rápida conversão, o processo requer minucioso controle da reação para evitar a formação de produtos indesejáveis e/ou inibidores. A escolha do tipo de hidrolise a ser realizada é de fundamental importância, uma vez que a técnica pode ser realizada por rota biológica e/ou química. Entretanto, o objetivo final é proporcionar a transformação eficaz da matéria prima, uma vez que durante o processo a quebrar de polímeros como a celulose e plásticos em cadeias menores são promovidas.
Dentro deste contexto, precisamos entender que a hidrólise ácida é baseada em uma sequência de reações que envolvem protonação, rompimento de ligações até a formação de novos produtos. As reações que são favorecidas durante a hidrólise ácida são produzidas sob diferentes condições, podem existir variações na temperatura, na pressão, na concentração do ácido e no tempo da reação. Então, a hidrolise para recuperação do PET basicamente consiste em uma desesterificação com objetivo de regenerar sua matéria prima original, ou seja, obter o AT e o EG que podem ser utilizados na fabricação de um novo lote de resina PET e a despolimerização total do PET acontece à temperatura ambiente utilizando o ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado, ou seja, a decomposição via hidrólise contribui para os propósitos ambientais, mesmo se tratando de uma reação heterogênea, pois a mesma acontece na interface sólido-liquido. A técnica pode parecer complicada, mas reciclar via hidrólise pode apresentar algumas vantagens, como:
- A eliminação efetiva do PET pós-consumo e não apenas mudança na forma física;
- Possibilita a redução do consumo de produtos petroquímicos que são a base para à produção de ácido tereftalico e etileno glicol.
É importante ressaltar que na hidrólise ácida, o ácido sulfúrico possui papel como catalisador e ao final do processo, sobra praticamente intacto possibilitando sua recuperação, logo pode-se evitar um novo problema ambiental, que seria o descarte adequado do ácido sulfúrico empregado durante a hidrólise.
Artigo criado por Elivone Lopes